sexta-feira, 13 de agosto de 2010

USP busca propostas para revitalizar centros urbanos

O que fazer para revitalizar uma área urbana como o centro de São Paulo, que mesmo possuindo serviços de transporte público, infra-estrutura de comércio, boa localização e diversas opções de lazer tem sido abandonada pela população? É esse dilema que pesquisadores do Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética (Labaut) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP querem solucionar.

Um estudo tem sido produzido por grupo de 35 estudantes, professores e pesquisadores para avaliar métodos capazes de revigorar as regiões centrais das cidades que tem se transformado em exemplo de degradação urbana e abandono.

"Nas maiores cidades do mundo, a área central é a mais cara, mais valorizada, a que todos querem morar. Nós estamos na contramão", disse à USP Online a professora Roberta Mülfarth, integrante do estudo.

A pesquisa teve início em 2008 a partir do convite da London School of Economics (LSE) para participar de um evento com foco no fomento a inovações em urbanismo, o Urban Age. Assim, o grupo decidiu escolher a região da Luz, já que ela era alvo de planos de revitalização da prefeitura, e fizeram um trabalho de desenho urbano, com diminuição de impactos ambientais na região.

"Agora, conseguimos um financiamento da Capes Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e temos cinco anos para detalhar mais o projeto", contou Roberta.

Abandono
A pesquisadora aponta a baixa densidade demográfica da região como uma das maiores evidências da sua degradação. O último censo apontou uma queda de quase 28% no número de residentes no Centro Velho (que compreende os distritos Sé e República) entre os anos de 1980 e 2000, enquanto que o número de moradores na cidade cresceu 23%.

Outro fato chocante é relativo à situação das construções da região. Um estudo, também da FAU, estima que no centro da capital paulista haja cerca de 350 prédios subutilizados e 68 abandonados.

Para os pesquisadores, a solução para o abandono do centro urbano passa pela restauração desses locais. "Eles os prédios têm potencial, não têm problema estrutural, por que não reformar?", questiona a arquiteta, que acredita que com isso é possível fazer com que as pessoas voltem a viver nos centros, com qualidade de vida e gerando menos impactos ambientais.

No estudo, a área da Luz foi analisada e, respeitadas as limitações (como edifícios tombados, por exemplo), são propostas diferentes possibilidades de projeto. Cada uma é examinada segundo critérios como impacto no trânsito, geração de energia, acessibilidade, poluição sonora, qualidade do ar, conforto externo, entre outros.

Segundo os pesquisadores, é possível revitalizar o centro e alcançar benefícios como reverter a degradação de um lugar historicamente importante, evitar o espalhamento da cidade e, consequentemente, reduzir demandas de infra-estrutura de esgoto, transporte e moradia que já estão prontas nas regiões centrais e são subutilizadas.

"Por que cada vez espalhar mais a cidade e criar uma logística absurda, com pessoas morando na periferia e tendo que acordar três horas da amanhã para pegar o ônibus, o metrô?", conclui a docente.

Fonte: Portal Terra com informações da USP.

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